sexta-feira, 24 de julho de 2009

Vale mais do que uma reflexão

A notícia publicada no UOL no dia 21/07/2009 - 12h42 Um em cada 500 adolescentes brasileiros vai ser morto até os 19 anos, revela estudo deveria ocupar as primeiras páginas dos jornais, assim como a gripe suína ou o avião iraniano que explodiu ontem.

O estudo foi realizado pelo Laboratório de Análise da Violência da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), em parceria com o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e com o Observatório de Favelas, que foi apresentado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos. Seriam as seguintes causas mortis:

Homicídios 46%
Mortes naturais 26%
Acidentes 22%
Suicídios 3%
Mortes mal definidas 3%

A estimativa é de que o número de jovens mortos chegará a 33.504 entre 2006 e 2012, sendo que metade desses crimes acontecerá nas capitais. A chance de um jovem morrer por arma de fogo é três vezes maior na comparação com outras armas.


Soma-se a essas informações, a notícia: Subsecretária: estimativa de 13 mortes diárias de jovens causa surpresa.

Na verdade, a maior surpresa é a surpresa da subsecretária dos Direitos da Criança e do Adolescente da Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH), Carmen Oliveira, quando diz:"Isso significa que teremos 13 mortes diárias por assassinatos de adolescentes. Considerando a preocupação brasileira com a gripe suína, em que cada morte é contabilizada dia a dia, é importante que a sociedade tenha a mesma indignação e preocupação com essas vidas perdidas na adolescência". A subsecretaria também reconheceu a "ineficiência" e a "insuficiência" de políticas públicas, inclusive diante de situações como a evasão escolar.

E declarou que a SEDH fez esta semana uma espécie de "pactuação" com gestores municipais e estaduais - sobretudo dos municípios com os maiores índices de assassinato na adolescência - para organizar ações conjuntas, diagnósticos locais e enfrentamento integrado do problema.

Pactuação????

Será que ainda precisamos pactuar em situações como esta? Pactuar, segundo o dicionario,significa v.t. Ajustar, contratar. / &151; V.i. Ceder, transigir.

Qual o papel do Estado? senão o defender seus cidadãos das agressões e vicissitudes?

Segundo o professor Inácio Cano, membro do Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj)no país há um "problema central" de violência letal. Para Cano, as políticas públicas brasileiras estão voltadas para a violência contra o patrimônio quando deveriam priorizar a violência contra a vida.

"Está na hora de o Brasil mudar suas prioridades", disse, ao ressaltar que a probabilidade de um adolescente brasileiro ser vítima de arma de fogo chega a ser três vezes maior do que a de ser assassinado de outra forma. "A arma de fogo tem que ser sempre foco em qualquer política de prevenção."

Na avaliação do representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, Manuel Buvinich, 60% dos ganhos que o país alcançou com a redução da mortalidade entre crianças de até 5 anos "se perdem" diante dos altos índices de assassinato de adolescentes. "Ficamos muito preocupados com o fato de a violência letal começar tão cedo, aos 12 anos."

Será que alguém já fez esta conta financeira?

Quantos por cento dos orçamentos municipais estão comprometidos com a segurança (curativa) e quantos por cento estão comprometidos com a seguranca preventiva, entre as quais destacaria a educação e a preparação dos jovens para o mundo do trabalho que realmente os valorize?

Muito dizer e pouco fazer...